22 dezembro 2007

CURSO DE ESPIRITISMO

1 - Nosso Lar
2 - Os Mensageiros
3 - Missionários da Luz
4 - Obreiros da Vida Eterna
5 - No Mundo Maior
6 - Agenda Cristã
7 - Libertação
8 - Entre a Terra e o Céu
9 - Nos Domínios da Mediunidade
10 - Ação e Reação
11 - Evolução em Dois Mundos
12 - Mecanismos da Mediunidade
13 - Conduta Espírita
14 - Sexo e Destino
15 - Desobsessão
16 - E a Vida Continua...
ÍNDICE

UM LIVRO DIFERENTE
DESOBSESSÃO

CAPITULO 1 = PREPARO PARA A REUNIÃO: DESPERTAR
CAPITULO 2 = PREPARO PARA A REUNIÃO: ALIMENTAÇÃO
CAPITULO 3 = PREPARO PARA A REUNIÃO: REPOUSO FÍSICO E MENTAL
CAPITULO 4 = PREPARO PARA A REUNIÃO: PRECE E MEDITAÇÃO
CAPITULO 5 = SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CHUVA
CAPITULO 6 = SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: VISITAS
CAPITULO 7 = SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CONTRATEMPOS
CAPITULO 8 = IMPEDIMENTO NATURAL
CAPITULO 9 = TEMPLO ESPÍRITA
CAPITULO 10 = RECINTO DAS REUNIÕES
CAPITULO 11 = CHEGADA DOS COMPANHEIROS
CAPITULO 12 = CONVERSAÇÃO ANTERIOR Á REUNIÃO
CAPITULO 13 = DIRIGENTE
CAPITULO 14 = PONTUALIDADE
CAPITULO 15 = MOBILIÁRIO PARA OS TRABALHOS
CAPITULO 16 = CADEIRAS
CAPITULO 17 = ILUMINAÇÃO
CAPITULO 18 = ISOLAMENTO HOSPITALAR
CAPITULO 19 = APARELHOS ELÉTRICOS
CAPITULO 20 = COMPONENTES DA REUNIÃO
CAPITULO 21 = VISITANTES
CAPITULO 22 = AUSÊNCIA JUSTIFICADA
CAPITULO 23 = CHEGADA INESPERADA DE DOENTE
CAPITULO 24 = MÉDIUNS ESCLARECEDORES
CAPITULO 25 = EQUIPE MEDIÚNICA: PSICOFÔNICOS
CAPITULO 26 = EQUIPE MEDIÚNICA: PASSISTAS
CAPITULO 27 = LIVROS PARA LEITURA
CAPITULO 28 = LEITURA PREPARATÓRIA
CAPITULO 29 = PRECE INICIAL
CAPITULO 30 = MANIFESTAÇÃO INICIAL DO MENTOR
CAPITULO 31 = CONSULTAS AO MENTOR
CAPITULO 32 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (1)
CAPITULO 33 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (2)
CAPITULO 34 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (3)
CAPITULO 35 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (4)
CAPITULO 36 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (5)
CAPITULO 37 = ESCLARECIMENTO
CAPITULO 38 = COOPERAÇÃO MENTAL
CAPITULO 39 = MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS (1)
CAPITULO 40 = MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS (2)
CAPITULO 41 = INTERFERÊNCIA DO BENFEITOR
CAPITULO 42 = ATITUDE DOS MÉDIUNS (1)
CAPITULO 43 = ATITUDE DOS MÉDIUNS (2)
CAPITULO 44 = MAL-ESTAR IMPREVISTO DO MÉDIUM
CAPITULO 45 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (1)
CAPITULO 46 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (2)
CAPITULO 47 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (3)
CAPITULO 48 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (4)
CAPITULO 49 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (5)
CAPITULO 50 = INTERFERÊNCIA DE ENFERMO ESPIRITUAL
CAPITULO 51 = RADIAÇÕES
CAPITULO 52 = PASSES
CAPITULO 53 = IMPREVISTOS
CAPITULO 54 = MANIFESTAÇÃO FINAL DO MENTOR
CAPITULO 55 = GRAVAÇÃO DA MENSAGEM
CAPITULO 56 = PRECE FINAL
CAPITULO 57 = ENCERRAMENTO
CAPITULO 58 = CONVERSAÇÃO POSTERIOR Á REUNIÃO
CAPITULO 59 = REOUVINDO A MENSAGEM
CAPITULO 60 = ESTUDO CONSTRUTIVO DAS PASSIVIDADES
CAPITULO 61 = SAÍDA DOS COMPANHEIROS
CAPITULO 62 = COMENTÁRIOS DOMÉSTICOS
CAPITULO 63 = ASSIDUIDADE
CAPITULO 64 = BENEFÍCIOS DA DESOBSESSÃO
CAPITULO 65 = REUNIÓES DE MÉDIUNS ESCLARECEDORES
CAPITULO 66 = REUNIÕES DE ESTUDOS MEDIÚNICOS
CAPITULO 67 = REUNIÕES MEDIÚNICAS ESPECIAIS
CAPITULO 68 = VISITA A ENFERMO
CAPITULO 69 = VISITA A HOSPITAL
CAPITULO 70 = CULTO DO EVANGELHO NO LAR
CAPITULO 71 = CULTO DA ASSISTÊNCIA
CAPITULO 72 = ESTUDOS EXTRAS
CAPITULO 73 = FORMAÇÃO DE OUTRAS EQUIPES
UM LIVRO DIFERENTE

“E perguntou-lhe Jesus, dizendo: “Qual é o teu nome?” E ele disse: “Legião”, porque tinham entrado nele muitos demônios.” — LUCAS, versículo 8, capítulo 30.

Atendendo ao trabalho da desobsessão nos arredo­res de Gádara, vemos Jesus a conversar fraternalmente com o obsesso que lhe era apresentado, ao mesmo tem­po que se fazia ouvido pelos desencarnados infelizes.
Importante verificar que ante a interrogativa do Mestre, a perguntar-lhe o nome, o médium, consciente da pressão que sofria por parte das Inteligências contur­badas e errantes, informa chamar-se “Legião”, e o evan­gelista acrescenta que o obsidiado assim procedia “por­que tinham entrado nele muitos demónios”.
Sabemos hoje com Allan Kardec, conforme pala­vras textuais do Codificador da Doutrina Espírita, no item 6 do capítulo 12º, “Amai os vossos inimigos”, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que “esses demô­nios mais não são do que as almas dos homens perver­sos, que ainda se não despojaram dos instintos mate­riais”.
No episódio, observamos o Cristo entendendo-se, de maneira simultânea, com o médium e com as entidades comunicantes, na benemérita empresa do esclarecimen­to coletivo, ensinando-nos que a desobsessão não é caça a fenômeno e sim trabalho paciente do amor conjugado ao conhecimento e do raciocínio associado à fé.
Seja no caso de mera influencia ção ou nas ocor­rências da possessão profunda, a mente medianímica permanece jugulada por pensamentos estranhos a ela mesma, em processos de hipnose de que apenas gradati­zamente se livrará. Daí ressalta o imperativo de se vul­garizar a assistência sistemática aos desencarnados pri­sioneiros da insatisfação ou da angústia, por intermédio das equipes de companheiros consagrados aos serviços dessa ordem que, aliás, demandam paciência e com pre­ensão análogas às que caracterizam os enfermeiros dedicados ao socorro dos irmãos segregados nos meandros da psicose, portas a dentro dos estabelecimentos de cura mental.
Sentindo de perto semelhante necessidade, o nosso amigo André Luiz organizou este livro diferente de quan­tos lhe constituem a coleção de estudioso dos temas da alma, no intuito de arregimentar novos grupos de sea­reiros do bem que se pro ponham reajustar os que se vêem arredados da realidade fora do campo físico. Nada mais oportuno e mais justo, de vez que, se a ignorância reclama o devotamento de professores na escola e a psi­co patologia espera pela abnegação dos médicos que usam a palavra equilibrante nos gabinetes de análise psicoló­gica, a alienação mental dos Espíritos desencarnados
exige o concurso fraterno de corações amigos, com bas­tante entendimento e bastante amor para auxiliar nos templos espíritas, atualmente dedicados à recuperação do Cristianismo, em sua feição clara e simples.
Salientando, pois, neste volume, precioso esforço de síntese no alívio aos obsessos, através dos colaboradores de todas as condições, rogamos ao Senhor nos sustente a todos — tarefeiros encarnados e desencarnados — na obra a realizar, porqüanto obsidiados e obsessores, cons­ciente ou inconscientemente arrojados à desorientação, no mundo ou além do mundo, são irmãos que nos pe­dem arrimo, companheiros que nos integram a família terrestre, e o amparo à família não é ministério que de­vamos relegar para a esfera dos anjos e sim obrigação intransferível que nos compete abraçar por serviço nosso.

EMMANUEL

Uberaba, 2 de janeiro de 1964

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.)
DESOBSESSÃO

Terapêuticas diversas merecem estudos para a su­pressão dos males que flagelam a Humanidade. Anti­bióticos atacam processos de infecção, institutos especia­lizados examinam a. patologia do câncer, a cirurgia atin­ge o coração para sanar o defeito cardíaco e a vacina constitui defesa para milhões. Ao lado, porém, das en­fermidades que supliciam o corpo, encontramos, aqui e além, as calamidades da obsessão que desequilibram a mente.
Para lá das teias fisiológicas que entretecem o carro orgânico de que se vale o Espírito para o estágio educa­tivo no mundo, é possível identificar os quadros obscuros de semelhantes desastres, nos quais as forças magnéti­cas desajustadas pelo pensamento em desgoverno assi­milam forças magnéticas do mesmo teor, estabelecendo a alienação mental, que vai do tique à loucura, escalando por fobias e moléstias-fantasmas. Vemo-los instala­dos em todas as classes, desde aquelas em que se situam as pessoas providas de elevados recursos da inteligência àquelas outras onde respiram companheiros carecentes das primeiras noções do alfabeto, desbordando, muita vez, na tragédia passional que ocupa a atenção da im­prensa ou na insânia conduzida ao hospício. Isso tudo, sem relacionarmos os problemas da depressão, os desva­rios sexuais, as sindromes de angústias e as desarmonias domésticas.
Espíritos desencarnados e encarnados de condição enfermiça sintonizam-se uns com os outros, criando pre­juízos e perturbações naqueles que lhes sofrem a influên­cia vampirizadora, lembrando vegetais nobres que para­sitos arrasam, depois de solapar-lhes todas as resistên­cias.
Refletindo nisso e diligenciando cooperar na medi­cação a esses males de sintomatologia imprecisa, imagi­namos a organização deste livro (1), dedicado a todos os companheiros que se interessam pelo socorro aos obsi­diados — livro que se caracteriza por absoluta simplici­dade na exposição dos assuntos indispensáveis à consti­tuição e sustentação dos grupos espíritas devotados à obra libertadora e curativa da desobsessão. Livro que possa servir aos recintos consagrados a esse mister, es­tejam eles nos derradeiros recantos das zonas rurais ou nos edifícios das grandes cidades, cartilha de trabalho em que as imagens (2) auxiliem o entendimento da ex­plicação escrita, a fim de que os obreiros da Doutrina

(1) O Espírito André Luiz convidou os médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier a psicografarem com ele o presente volume, responsabilizando-se ambos pelos capítulos de nümeros ímpares e pares, respectivamente.
(2) As fotografias que ilustram este volume representam gentileza dos companheiros de ideal e pertencem aos arquivos da Exposição Espírita Permanente da CENTRO ESPÍRITA C., de Uberaba, Minas.

Espírita atendam à desobsessão, consoante os princípios concatenados por Allan Kardec.
Nenhuma instituição de Espiritismo pode, a rigor, desinteressar-se desse trabalho imprescindível à higiene, harmonia, amparo ou restauração da mente humana, traçando esclarecimento justo, seja aos desencarnados sofredores, seja aos encarnados desprovidos de educação íntima que lhes sofram a atuação deprimente, conquan­to, às vezes, involuntária.
Cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores da desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desorientação espiri­tual que lhe rondam as portas, para defesa e conserva­ção de si mesma.
Oferecemos, desse modo, estas páginas despreten­siosas aos que sintam suficiente amor pelos que jazem transviados nas trevas das ilusões e paixões em que se consomem, circunscritos aos marcos estreitos da igno­rância, na Terra e além da Terra, nos tormentos e des­varios do “eu”. E entregando-as aos amigos que nos pos­sam acolher o desejo de acertar e avaliar conosco a ex­tensão e a gravidade do problema, recordemos, reconhe­cidamente, junto de todos eles, que o Espiritismo é o Cristianismo Restaurado e que o pioneiro número um da desobsessão, esclarecendo Espíritos infelizes e curando obsidiados de todas as condições, foi exatamente Jesus.

ANDRE LUIZ
Uberaba, 2 de janeiro de 1964

(Página recebida pelo médium Waldo Vieira.)
1
PREPARO PARA A REUNIÃO: DESPERTAR

No dia marcado para as tarefas de desob­sessão, os integrantes da equipe precisam, a ri­gor, cultivar atitude mental digna, desde cedo.
Ao despertar pela manhã, o dirigente, os assessores da orientação, os médiuns incorpora­dores, os companheiros da sustentação ou mes­mo aqueles que serão visitas ocasionais no gru­po, devem elevar o nível do pensamento, seja orando ou acolhendo idéias de natureza superior.
Intenções e palavras puras, atitudes e ações limpas.
Evitar deliberadamente rusgas e discussões, sustentando paciência e serenidade, acima de quaisquer transtornos que sobrevenham duran­te o dia.
Trata-se de preparação adequada a assun­to grave: a assistência a desencarnados menos felizes, com a supervisão de instrutores da Vida Espiritual.
Imaginem-se os companheiros no lugar dos Espíritos necessitados de socorro e compreen­derão a responsabilidade que assumem.
Cada componente do conjunto é peça impor­tante no mecanismo do serviço. Todo o grupo é instrumentação.
2
PREPARO PARA A REUNIÃO: ALIMENTAÇÃO

A alimentação, durante as horas que prece­dem o serviço de intercâmbio espiritual, será leve.
Nada de empanturrar-se o companheiro com viandas desnecessárias.
Estômago cheio, cérebro inábil.
A digestão laboriosa consome grande par­cela de energia, impedindo a função mais clara e mais ampla do pensamento, que exige seguran­ça e leveza para exprimir-se nas atividades da desobsessão.
Aconselháveis os pratos ligeiros e as quan­tidades mínimas, crendo-nos dispensados de qual­quer anotação em torno da impropriedade do álcool, acrescendo observar que os amigos ainda necessitados do uso do fumo e da carne, do café e dos temperos excitantes, estão convidados a lhes reduzirem o uso, durante o dia determinado para a reunião, quando não lhes seja possível a abstenção total, compreendendo-se que a posi­ção ideal será sempre a do participante dos traba­lhos que transpõe a porta do templo sem quais­quer problemas alusivos à digestão.
3
PREPARO PARA A REUNIÃO: REPOUSO FÍSICO E MENTAL

Após o trabalho, seja ele profissional ou do­méstico, braçal ou mental, faça o seareiro da de­sobsessão o horário possível de refazimento do corpo e da alma.
Repouso externo e interno.
Relaxe, com ideações edificantes.
Abstenção de pensamentos impróprios.
Aspirações para cima.
Distância de preocupações inferiores.
Preparação íntima, podendo incluir leitura moralizadora e salutar.
Formação de ambiente particular respeitá­vel, de cujos agentes espirituais, enobrecidos e puros, se valham os instrutores para a composi­ção dos recursos de alívio e esclarecimento aos irmãos que, desenfaixados da veste física, ainda sofrem.
Os responsáveis pelas tarefas da desobses­são devem compreender que as comunicações reclamam espontaneidade e que o preparo a que nos referimos é de ordem geral, sem a fixação da mente em exigências ou gratificações de senti­mento pessoal.
4
PREPARO PARA A REUNIÃO: PRECE E MEDITAÇÃO

Pelo menos durante alguns minutos, horas antes dos trabalhos, seja qual for a posição que ocupe no conjunto, dedique-se o companheiro de serviço à prece e à meditação em seu próprio lar.
Ligue as tomadas do pensamento para o Alto.
Retire-se, em espírito, das vulgaridades do terra-a-terra, e ore, buscando a inspiração da
Vida Maior.
Reflita que, em breve tempo, estará em con­tacto, embora ligeiro, com os irmãos domiciliados no Mundo Espiritual, para onde irá igual­mente, um dia, e antecipe o cultivo da simpatia e do respeito, da compaixão produtiva e da bon­dade operosa para com todos aqueles que per­deram o corpo físico sem a desejada maturação espiritual.
Dessa forma, estará caminhando para a co­laboração digna com os benfeitores desencarnados que são os legítimos ministradores do bem.
5
SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CHUVA

Hora de sair para a reunião.
Necessário vencer os percalços que o tempo é capaz de oferecer.
Não raro, é a promessa de aguaceiro imi­nente ou a ventania forte, comparecendo por em­pecilhos habituais.
Chuva ou frio...
O integrante da equipe não se prenderá em casa por semelhantes obstáculos.
Conservará, sempre à mão, o agasalho pre­ciso e enfrentará quaisquer desafios naturais, consciente das obrigações que lhe competem.
6
SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: VISITAS

Na lista dos impedimentos naturais, um existe dos mais freqüentes: a visita inesperada.
Compreende-se o constrangimento dos com­panheiros já prestes a sair de casa para o serviço espiritual.
Em alguns casos, é um parente necessitando de palavras amigas; de outros, um companheiro reclamando atenção.
Que isso não seja tomado à conta de óbice insuperável.
O tarefeiro da desobsessão esclarecerá o as­sunto delicadamente, empregando franqueza e humildade, sem esconder o móvel da ausência a que se vê compelido, cumprindo, assim, não apenas o dever que lhe assiste, como também des­pertando simpatia nos circunstantes e assegu­rando a si mesmo o necessário apoio vibratório.
7
SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CONTRATEMPOS

Na série de obstáculos que, em muitas oca­siões, parecem inteligentemente determinados a lhe entravarem o passo, repontam os mais im­previstos contratempos à frente do servidor da desobsessão.
Uma criança cai, explodindo em choro...
Desaparece a chave de uma porta...
Um recado chega, de improviso, suscitando preocupações...
Alguém chama para solicitar um favor...
Certo familiar se queixa de dores súbitas...
Colapso do sistema de condução...
Dificuldades de trânsito...
O colaborador do serviço de socorro aos de­sencarnados sofredores não pode hesitar. Provi­dencie, de imediato, as soluções razoáveis para esses pequeninos problemas e siga ao encontro das obrigações espirituais que o aguardam, lem­brando-se de que mesmo as festas de natureza familiar, quais sejam as comemorações de ani­versário ou os júbilos por determinados even­tos domésticos, não devem ser categorizados àconta de obstrução.
8
IMPEDIMENTO NATURAL

Circunstâncias existem que pesam na ba­lança do trabalho por obstáculos naturais.
Uma viagem inesperada, por exemplo.
Pode acontecer que a obrigação profissional assim o exija.
Noutros casos, a moléstia grave comparece em casa ou na pessoa do próprio cooperador, obstando-lhe o comparecimento à reunião.
Temos ainda a considerar o impedimento por enfermidades epidêmicas, qual a gripe, e, em nos­sas irmãs, é razoável aceitar como motivos jus­tos de ausência os cuidados decorrentes da gravidez e os embaraços periódicos característicos da organização feminil.
Surgindo o impasse, é importante que o com­panheiro ou a companheira se comunique, rápi­do, com os responsáveis pela sessão, atentos a que se deve assegurar a harmonia do esforço de equipe tanto quanto possível.
9
TEMPLO ESPÍRITA

À medida que se nos aclara o entendimento, nas realizações de caráter mediúnico, percebe­mos que as lides da desobsessão pedem o ambien­te do templo espírita para se efetivarem com se­gurança.
Para compreender isso, recordemos que, se muitos doentes conseguem recuperar a saúde no clima doméstico, muitos outros reclamam o hos­pital.
Se no lar dispomos de agentes empíricos a benefício dos enfermos, numa casa de saúde encontramos toda uma coleção de instrumentos se­lecionados para a assistência pronta.
No templo espírita, os instrutores desencar­nados conseguem localizar recursos avançados do plano espiritual para o socorro a obsidiados e obsessores, razão por que, tanto quanto nos seja possível, é aí, entre as paredes respeitáveis da nossa escola de fé viva, que nos cabe situar o ministério da desobsessão. Razoável, ainda, observar que os servido­res de semelhante realização não podem assumir, sem prejuízo, compromissos para outras ativida­des medianímicas, antes ou depois do trabalho em que se comprometem a benefício dos sofre­dores desencarnados.
10
RECINTO DAS REUNIÕES

O recinto das reuniões pede limpeza e sim­plicidade.
A mesa, com alguns dos livros básicos da Doutrina Espírita, de preferência «O Livro dos Espíritos», «O Evangelho segundo o Espiritis­mo» e um volume que desenvolva o pensamento kardequiano, conjugado aos ensinamentos do Cristo, estará cercada pelas cadeiras devidas ao número exato dos componentes da reunião, apre­sentando-se despida de toalhas, ornamentos, recipientes de água e objetos outros.
Em seguida à fila dos assentos, colocar-se-ápequena acomodação, seja um simples banco ou algumas cadeiras para visitas eventuais.
Um relógio será colocado à vista ou à mão, seja numa parede, no bolso ou no pulso do diri­gente, para que o horário e a disciplina estabe­lecida não sofram distorções, e o aparelho para a gravação de vozes, na hipótese de existir no aposento, não deverá perturbar o bom andamen­to das tarefas e será colocado em lugar desig­nado pelo orientador dos trabalhos.
11
CHEGADA DOS COMPANHEIROS

Os benfeitores espirituais de plantão, na obra assistencial aos irmãos desencarnados sofredores, esperam sempre que os integrantes da equipe alcancem o recinto de serviço em posição respeitosa.
Nada de vozerio, tumulto, gritos, garga­lhadas.
Lembrem-se os companheiros encarnados de que se aproximam de enfermos reunidos, como num hospital, credores de atenção e carinho.
A obra de socorro está prestes a começar.
Necessário inclinar o sentimento ao silên­cio e à compaixão, à bondade e à elevação de vistas, a fim de que o conjunto possa funcionar em harmonia na construção do bem.
12
CONVERSAÇÃO ANTERIOR Á REUNIÃO

Há sempre margem a conversações no re­cinto para os que chegam mais cedo, cabendo aos seareiros do conjunto evitar a dispersão de forças em visitas, mesmo rápidas, mas impró­prias, a locais vizinhos, sejam casas particula­res ou restaurantes públicos.
Compreensível rogar aos colaboradores da tarefa a total abstenção de temas contrários à dignidade do trabalho que vão desempenhar.
Evitem-se os anedotários jocosos, as consi­derações injuriosas a quem quer que seja.
Esqueçam-se críticas, comentários escanda­losos, queixas, azedumes, apontamentos irônicos.
Toda referência verbal é fator de indução.
Se somos impelidos a conversar, durante os momentos que precedem a atividade assistencial, seja a nossa palestra algo de bom e edifi­cante que auxilie e pacifique o clima do recinto, ao invés de conturbá-lo.
13
DIRIGENTE

O dirigente das tarefas de desobsessão não pode esquecer que a Espiritualidade Superior es­pera nele o apoio fundamental da obra.
Direção e discernimento. Bondade e energia.
Certo, não se lhe exigirão qualidades supe­riores à do homem comum; no entanto, o orientador da assistência aos desencarnados sofredo­res precisa compreender que as suas funções, diante dos médiuns e freqüentadores do grupo, são semelhantes às de um pai de família, no ins­tituto doméstico.
Autoridade fundamentada no exemplo.
Hábito de estudo e oração.
Dignidade e respeito para com todos. Afeição sem privilégios.
Brandura e firmeza.
Sinceridade e entendimento.
Conversação construtiva.
Para manter-se na altura moral necessária o diretor dispensarà a todos os componentes de conjunto a atenção e o carinho idênticos àqueles que um professor reto e nobre cultiva perante os alunos, e, como se erguerá, perante os instrutores Espirituais, na posição de médium es clarecedor mais responsável, designará dois três companheiros, sob a orientação dele próprio a fim de que se lhe façam assessores em serviço e o substituam nos impedimentos justificados.
14
PONTUALIDADE

Pontualidade — tema essencial no quoti­diano, disciplina da vida.
Administrações não respeitam funcionários relapsos.
Em casa, estimamos nos familiares os com­promissos em dia, os deveres executados com exatidão.
Habitualmente não falhamos no horário marcado pelas personalidades importantes do mundo, a fim de corresponder-lhes ao apreço.
A entrevista com um industrial...
A fala com um Ministro de Estado...
Nas lides da desobsessão, é forçoso enten­der que benfeitores espirituais e amigos outros desencarnados se deslocam de obrigações gra­ves da Vida Superior, a fim de assistir-nos e socorrer-nos.
Pontualidade é sempre dever, mas na de­sobsessão assume caráter solene.
Não haja falha de serviço por nossa causa. Não se pode esquecer que o fracasso, na maioria das vezes, é o produto infeliz dos retardatários e dos ausentes.
A hora de início das tarefas precisa mos­trar-se austera, entendendo-se que o instante do encerramento é variável na pauta das circuns­tâncias.
Aconselhável se feche disciplinarmente a porta de entrada, 15 minutos antes do horário marcado para a abertura da reunião, tempo esse que será empregado na leitura preparatória.
15
MOBILIÁRIO PARA OS TRABALHOS

O mobiliário no recinto dedicado à desobses­são não apenas necessita estar escoimado de objetos e apetrechos que recordem rituais e amu­letos, simbolos e ídolos de qualquer espécie, mas também deve ser integrado por peças simples e resistentes.
A mesa deve ser sólida e as cadeiras talha­das em madeira, lembrando, sem adornos desnecessários, a austeridade de uma família respei­tável.
Se tivermos de acrescentar algo, aditemos dois bancos, igualmente de madeira, para visi­tas casuais ou para o socorro magnético a esse ou àquele companheiro do grupo quando necessi­te de passe, a distância do circulo formado em comunhão de pensamento.
Evitarmos tapetes, jarros, telas e enfeites outros, porqüanto o recinto é consagrado, além de tudo, ao alívio de Espíritos sofredores ou alie­nados mentais autênticos, necessitados de am­biente limpo e simples, capaz de auxiliâ-los a es­quecer ilusões ou experiências menos felizes vi­vidas na Terra.
16
CADEIRAS

As cadeiras para a reunião merecem apon­tamentos particulares.
Evite-se o uso de poltronas que sugiram a sesta, como também o emprego de móveis des­providos de qualquer anteparo, à feição de tam­boretes que imponham desconforto.
Utilizemo-nos de cadeiras, pesadas na cons­tituição, para frustrar os impulsos de queda ou de agitação excessiva, habituais nos médiuns em transe, mas construídas em estilo singelo, com o espaldar amplo e alto que suporte com firme­za os seareiros empenhados no socorro espiri­tual aos irmãos perturbados, além do plano fí­sico.
Evitem-se as cadeiras desconjuntadas ou rangedoras que só ruídos desnecessários e per­turbações outras provocam no ambiente.
17
ILUMINAÇÃO

A iluminação no recinto será, sem dúvida, aquela de potencialidade normal, na fase preparatória das tarefas, favorecendo vistorias e leituras.
Contudo, antes da prece inicial, o dirigente da reunião graduará a luz no recinto, fixando-a em uma ou duas lâmpadas, preferivelmente ver­melhas, de capacidade fraca, 15 watts, por exemplo, de vez que a projeção de raios demasiado intensos sobre o conjunto prejudica a formação de medidas socorristas, mentalizadas e dirigidas pelos instrutores espirituais, diretamente res­ponsáveis pelo serviço assistencial em andamen­to, com apoio nos recursos medianímicos da equipe.
As lâmpadas devem ser situadas a distân­cia da mesa dos trabalhos para se evitarem aci­dentes.
Nas localidades não favorecidas pela ener­gia elétrica, o orientador da reunião diminuirá no recinto o teor da luz empregada.
18
ISOLAMENTO HOSPITALAR

A desobsessão abrange em si obra hospita­lar das mais sérias.
Compreenda-se que o espaço a ela destinado, entre quatro paredes, guarda a importância de uma enfermaria, com recursos adjacentes da Espiritualidade Maior para tratamento e socor­ro das mentes desencarnadas, ainda conturbadas ou infelizes.
Arrede-se da desobsessão qualquer sentido de curiosidade intempestiva ou de formação espetaculosa.
Coloquemo-nos no lugar dos desencarnados em desequilíbrio e entenderemos, de pronto, a inoportunidade da presença de qualquer pessoa estranha a obra assistencial dessa natureza.
O amparo e o esclarecimento aos Espíritos dementados ou sofredores é serviço para quem possa compreendê-los e amá-los, respeitando­-lhes a dor.
Daí nasce o impositivo de absoluto isola­mento hospitalar para o recinto dedicado a semelhantes serviços de socorro e esclarecimento, entendendo-se, desse modo, que a desobsessão, tanto quanto possível, deve ser praticada de pre­ferência no templo espírita, ao invés de ambien­tes outros, de caráter particular.
Nesse sentido, é importante que os obreiros da desobsessão, notadamente os médiuns psico­fônicos e os médiuns esclarecedores, visitem os hospitais e casas destinadas à segregação de de­terminados enfermos, para compreenderem com segurança o imperativo de respeitosa cautela no trato com os Espíritos revoltados e desditosos.
19
APARELHOS ELÉTRICOS

Os aparelhos elétricos, no recinto, quando a desobsessão seja efetuada em lugar capaz de utilizá-los, devem ser restritos a uma lanterna elétrica, destinada a serventia eventual, e, quan­do seja possível, a um aparelho para gravação de vozes das entidades, notadamente aquelas que se caracterizam por manifestações constru­tivas, para que se lhes fixem os ensinos ou ex­periências com objetivo de estudo.
Repitamos que o grupo apenas usará o apa­relho para gravação de vozes, quando semelhante medida esteja em suas possibilidades, sem que isso seja fator essencial e inadiável à reali­zação do programa em pauta.
O dirigente da reunião ou o companheiro in­dicado para o manejo desses engenhos precisa, porém, estar atento, verificando-lhes o estado e o funcionamento, antes das atividades da equi­pe, prevenindo quaisquer necessidades, de ma­neira a evitar aborrecimentos e atropelos de úl­tima hora.
20
COMPONENTES DA REUNIÃO

Os componentes da reunião, que nunca ex­cederão o número de quatorze, conservem, acima de tudo, elevação de pensamentos e correção de atitudes, antes, durante e depois de cada tarefa.
Nenhuma preocupação com paramentos ou vestes especiais.
Compenetrem-se de que se acham no recin­to exercendo fraternalmente um mandato de con­fiança.
Na Doutrina Espírita não há lugar para fé cega. Evitem-se, no entanto, no ambiente da desobsessão, pesquisas ociosas e vãs indagações, críticas e expectações insensatas.
Todos os componentes da equipe assumirão funções específicas. Num grupo de 14 integran­tes, por exemplo, trabalharão 2 a 4 médiuns es­clarecedores; 2 a 4 médiuns passistas e 4 a 6 médiuns psicofônicos.
Os médiuns esclarecedores e passistas, além dos deveres específicos que se lhes assinala, ser­virão, ainda, na condição de elementos positivos de proteção e segurança para os médiuns psico­fônicos, sempre que estes forem mobilizados em serviço. Imprescindível reconhecer que todos os participantes do conjunto são equiparáveis a pi­lhas fluídicas ou lâmpadas, que estarão sensibi­lizadas ou não para os efeitos da energia ou da luz que se lhes pede em auxílio dos que jazem na sombra de espírito. Daí o imperativo do teor vibratório elevado nos componentes da reunião, a fim de que os doentes da alma se reaqueçam para o retorno ao equilíbrio e ao discernimento.
Os componentes encarnados da reunião não se rendam ao sono nas tarefas dedicadas à desobsessão, para se evitarem desdobramentos desnecessários da personalidade, cabendo-nos salientar igualmente que nas reallzações dessa na­tureza não devem comparecer quaisquer outras demonstrações ou experiências de mediunidade.

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VISITANTES

O serviço de desobsessão não é um depar­tamento de trabalho para cortesias sociais que, embora respeitáveis, não se compadecem com a enfermagem espiritual a ser desenvolvida, a benefício de irmãos desencarnados que amargas dificuldades atormentam.
Ainda assim, há casos em que companhei­ros da construção espírita-cristã, quando solici­tem permissão para isso, podem ter acesso ao serviço, em caráter de observação construtiva; entretanto, é forçoso preservar o cuidado de não acolhê-los em grande número para que o clima vibratório da reunião não venha a sofrer mu­danças inoportunas.
Essas visitas, no entanto, devem ser rece­bidas apenas de raro em raro, e em circunstân­cias realmente aceitáveis no plano dos trabalhos de desobsessão, principalmente quando objetivem a fundação de atividades congêneres. E an­tes da admissão necessária é imperioso que os mentores espirituais do grupo sejam previamen­te consultados, por respeito justo às responsa­bilidades que abraçam, em favor da equipe, mui­to embora saibamos que a orientação das ativi­dades espíritas vigora na própria Doutrina Es­pírita e não no arbítrio dos amigos desencarna­dos, mesmo aqueles que testemunhem elevada condição.
Compreende-se que os visitantes não neces­sitem de comparecimento que exceda de 3 a 4 reuniões.
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AUSÊNCIA JUSTIFICADA

Freqüentemente, surge o caso da impossi­bilidade absoluta de comparecimento desse ou daquele companheiro às atividades predetermi­nadas.
Uma viagem rigorosamente inadiável...
Um problema caseiro de grave expressão...
Exigência profissional inopinada...
Enfermidade súbita...
Que o amigo numa situação assim não ol­vide o compromisso em que se acha incurso na obra de desobsessão e expeça um aviso direto, sempre que possível com antecedência mesmo de horas ou minutos, ao dirigente da reunião, jus­tificando a ausência, para evitar indisciplinas que ocorrerão fatalmente, no campo mental do grupo, através de apreensões e considerações descabidas.
De qualquer modo, ainda mesmo com nú­mero reduzido de participantes, a reunião pode ser efetuada.
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CHEGADA INESPERADA DE DOENTE

Em algumas ocasiões aparece um problema súbito: a chegada de enfermos ou de obsidiados sem aviso prévio, sejam adultos ou crianças.
Necessário que o discernimento do conjunto funcione, ativo.
Na maioria dos acontecimentos dessa ordem, o doente e os acompanhantes podem ser admiti­dos por momentos rápidos, na fase preparatória dos serviços programados, recebendo passes e orientação para que se dirijam a órgãos de as­sistência ou doutrinação competentes, trabalho esse que será executado pelos componentes que o diretor da reunião designará.
Findo o socorro breve, retirar-se-ão do re­cinto.
Nesses casos se enquadram igualmente os obsessos apenas influenciados ou fixados em fase inicial de perturbação, para os quais o contacto com os comunicantes, menos felizes ou francamente conturbados, sem a devida preparação, é sempre inconveniente ou prejudicial, pela sus­cetibilidade e pelas sugestões negativas que apre­sentam na semilucidez em que se encontram.
Diante, porém, dos processos da obsessão in­discutivelmente instalada, o grupo deve e pode acolher o obsidiado e seus acompanhantes, aco­modando-os no banco ou nas cadeiras, colocados à retaguarda, onde receberão a assistência pre­cisa.
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MÉDIUNS ESCLARECEDORES

Na equipe em serviço, os médiuns esclare­cedores, mantidos sob a condução e inspiração dos Benfeitores Espirituais, são os orientadores da enfermagem ou da assistêncià aos sofredores desencarnados. Constituídos pelo dirigente do grupo e seus assessores, são eles que os instru­tores da Vida Maior utilizam em sentido direto para o ensinamento ou o socorro necessários.
Naturalmente que a esses companheiros compete um dos setores mais importantes da reunião.
Vejamos alguns dos itens do trabalho fun­damental que se lhes assinala:
1. Guardarem atenção no campo intuitivo, a fim de registrarem, com segurança, as suges­tões e os pensamentos dos benfeitores espirituais que comandam as reuniões;
2. Tocar no corpo do médium em transe somente quando necessário;
3. Estudar os casos de obsessão, surgidos na equipe de médiuns psicofônicos, que devam ser tratados na órbita da psiquiatria, a fim de que a assistência médica seja tomada na medi­da aconselhável;
4. Cultivar o tato psicológico, evitando ati­tudes ou palavras violentas, mas fugindo da do­çura sistemática que anestesia a mente sem re­nová-la, na convicção de que é preciso aliar ra­ciocínio e sentimento, compaixão e lógica, a fim de que a aplicação do socorro verbalista alcance o máximo rendimento;
5. Impedir a presença de crianças nas ta­refas da desobsessão.
Outros aspectos de suas funções são lem­brados nos capítulos 13 e 32 a 37.

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EQUIPE MEDIÚNICA: PSICOFÔNICOS

Na obra da desobsessão, os médiuns psico­fônicos são aqueles chamados a emprestar recursos fisiológicos aos sofredores desencarnados para que estes sejam socorridos. Deles se pede atitude de fé positiva, baseada na certeza de que a Espiritualidade Superior lhes acompanha o trabalho em moldes de zelo e supervisão. Compre­endendo que ninguém é chamado por acaso a tarefa de tamanha envergadura moral, verifi­carão facilmente que, da passividade construti­va que demonstrem, depende o êxito da emprei­tada de luz e libertação em que foram admi­tidos.
Atentos à função especial de colaboradores e medianeiros em que se acham situados, é justo se lhes rogue o cuidado para alguns pontos julgados essenciais ao êxito e à segurança da atividade que se lhes atribui: 1 — desenvolvimento da autocrítica; 2 — aceitação dos pró­prios erros, em trabalho medianímico, para que se lhes apure a capacidade de transmissão; 3 —reconhecimento de que o médium é o respon­sável pela comunicação que transmite; 4 — abs­tenção de melindres ante apontamentos dos es­clarecedores ou dos companheiros, aproveitan­do observações e avisos para melhorar-se em serviço; 5 — fixação num só grupo, evitando as inconveniências do compromisso de desobsessão em várias equipes ao mesmo tempo; 6 — domínio completo sobre si próprio, para aceitar ou não a influência dos Espíritos desencarnados, inclusive reprimir todas as expressões e pala­vras obscenas ou injuriosas, que essa ou aquela entidade queira pronunciar por seu intermédio; 7 — interesse real na melhoria das próprias condições de sentimento e cultura; 8 — defesa permanente contra bajulações e elogios, conquan­to saiba agradecer o estímulo e a amizade de quantos lhes incentivem o coração ao cumpri­mento do dever; 9 — discernimento natural da qualidade dos Espíritos que lhes procurem as faculdades, seja pelas impressões de presença, linguagem, eflúvios magnéticos, seja pela condu­ta geral; 10 — uso do vestuário que lhes seja mais cômodo para a tarefa, alijando, porém, os objetos que costumem trazer jungidos ao corpo, como sejam relógios, canetas, óculos e jóias.
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EQUIPE MEDIÚNICA: PASSISTAS

Entre os seareiros do bem que integram o conjunto, destaca-se, como sendo de particular valimento, a colaboração dos médiuns passistas, que permanecerão atentos ao concurso eventual que se lhes peça, no transcurso da reuniao.
Diligência e devotamento.
Vigilância e espontaneidade.
Agora é um problema que irrompe entre os próprios colegas de atividade; em seguida, um que outro médium psicofônico possivelmente caí­do em exaustão; depois, o pedido de auxílio para esse ou aquele dos assistentes a lhes solicitarem concurso, e, por fim, a assistência de rotina, na fase terminal do trabalho.
Os medianeiros do passe traçarão a si mes­mos as disciplinas aconselháveis em matéria de alimentação e adestramento, a fim de correspon­derem plenamente ao trabalho organizado para o grupo em sua edificação assistencial, entenden­do-se que os médiuns esclarecedores, se necessa­rio, acumularão também as funções de médiuns passistas, mas não a de psicofônicos, de modo a não se deixarem influenciar por Espíritos en­fermos.
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LIVROS PARA LEITURA

Os livros para leitura preparatória no gru­po serão, de preferência:
1. «O Evangelho segundo o Espiritismo».
2. «O Livro dos Espíritos».
3. Uma obra subsidiária que comente os princípios kardequianos à luz dos ensinamentos do Cristo.
Bastarão esses recursos, porqüanto neles sintonizar-se-ão os assistentes no mesmo padrão de pensamento, em torno dos temas vitais do Espiritismo Cristão, compondo clima vibratório adequado ao trabalho em mira.
«O Livro dos Médiuns» e obras técnicas cor­relatas não devem ser lidos nas reuniões de desobsessão, mas sim em oportunidades adequa­das, referidas nos capítulos 66 e 72.
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LEITURA PREPARATÓRIA

A leitura preparatória, que não ultrapassa­rá o tempo-limite de 15 minutos, constituir-se-á, preferentemente, de um dos itens de «O Evan­gelho segundo o Espiritismo», seguindo-se-lhe uma das questões de «O Livro dos Espíritos», com um trecho de um dos livros de comentários evangélicos, em torno da obra de Allan Kardec.
Efetuada a leitura, o dirigente retirará os livros de sobre a mesa, situando-os em lugar próprio.
O contacto com o ensino espírita, antes do intercâmbio com os irmãos desencarnados, ain­da sofredores, dispõe o ambiente à edificação moral, favorecendo a integração vibratória do grupo para o socorro fraterno a ser desenvol­vido.
O conjunto evitará entretecer comentários ao redor dos temas expostos, atento que precisa estar em uníssono, à recepção das entidades enfermas em expectativa, quase sempre aguar­dando alívio com angustiosa ansiedade.
Repitamos, assim: o dirigente providencia­rá a leitura, aproximadamente quinze minutos antes do momento marcado para o início do in­tercâmbio, pronunciando a prece de abertura, depois de lida a página última, com o que se ini­ciarão, para logo, as tarefas programadas.
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PRECE INICIAL

Sobrevindo o momento exato em que a reu­nião terá começo, o orientador diminuirá o teor da iluminação e tomará a palavra, formulando a prece inicial.
Cogitará, porém, de ser preciso, não se alon­gando além de dois minutos.
Há quem prefira a oração decorada; toda­via, é aconselhável que o dirigente ore com suas próprias palavras, envolvendo a equipe nos sen­timentos que lhe fluem da alma.
A prece, nessas circunstâncias, pede o mí­nimo de tempo, de vez que há entidades em agoniada espera de socorro, à feição do doente de­sesperado, reclamando medicação substancial. Em diversas circunstâncias, acham-se ligadas desde muitas horas antes à mente do médium psicofônico, alterando-lhe o psiquismo e até mes­mo a vida orgânica, motivo pelo qual o socorro direto não deve sofrer dilação.
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MANIFESTAÇÃO INICIAL DO MENTOR

Feita a oração inicial, o dirigente e a equi­pe mediúnica esperarão que o mentor espiritual do grupo se manifeste pelo médium psicofônico indicado.
Essa medida é necessária, porqüanto exis­tem situações e problemas, estritamente relacionados com a ordem doutrinária do serviço, ape­nas visíveis a ele, e o amigo espiritual, na con­dição de condutor do agrupamento, perante a Vida Maior, precisará dirigir-se ao conjunto, lembrando minudências e respondendo a algu­ma consulta ocasional que o dirigente lhe quei­ra fazer, transmitindo algum aviso ou propon­do determinadas medidas.
Esse entendimento, no limiar do programa de trabalho a executar-se, é indispensável à harmonização dos agentes e fatores de serviço, ainda mesmo que o mentor se utilize do medianeiro tão-só para uma simples oração que, evidente­mente, significará tranqüilidade em todos os se­tores da instrumentação.

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CONSULTAS AO MENTOR

Começada a reunião, o dirigente, por vezes, tem necessidade de ouvir o mentor espiritual para o exame de assuntos determinados.
Freqüentemente, é um amigo que deseja acesso à reunião e que não pode ser acolhido sem a consulta necessária; de outras, é a locali­zação mais aconselhável para as visitas que venham a ocorrer, é a ministração de socorro medicamentoso ou magnético a esse ou àquele companheiro que se mostre subitamente necessi­tado de assistência, é a pergunta inevitável e justa em derredor de problemas que sobrevenham no mecanismo da equipe, ou o pedido de coope­ração em casos imprevisíveis.
Nessas circunstâncias, o dirigente esperará que o mentor finalize a pequena instrução de início, através do médium responsável, e formu­lará as indagações que considere inevitáveis e oportunas.
32
MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (1)

As manifestações de enfermos espirituais irão até o limite de uma hora a uma hora e meia, na totalidade delas, para que a reunião perdure no máximo por duas horas, excluída a leitura inicial.
O Espírito desencarnado em condição de desequilíbrio e sofrimento utiliza o médium psicofônico (ou mais propriamente, o médium de incorporação), com as deficiências e angústias de que é portador, exigindo a conjugação de bon­dade e segurança, humildade e vigilância no companheiro que lhe dirige a palavra.
Natural venhamos a compreender no visi­tante dessa qualidade um doente, para quem cada frase precisa ser medicamento e bálsamo. Claro que não será possível concordar com to­das as exigências que formule; no entanto, não é justo reclamar-lhe entendimento normal de que se acha ainda talvez longe de possuir.
Entendamos cada Espírito sofredor qual se nos fosse um familiar extremamente querido, e acertaremos com a porta íntima, através da qual lhe falaremos ao coração.
Neste e nos próximos capítulos são indica­das algumas atitudes naturais dos médiuns psicofônicos em transe.
33
MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (2)

Os médiuns esclarecedores, pelo que ouçam do manifestante necessitado, deduzam qual o sexo a que ele tenha pertencido, para que a con­versação elucidativa se efetue na linha psicoló­gica ideal; analisem, sem espírito de censura ou de escândalo, os problemas de animismo ou mis­tificação inconsciente que porventura venham a surgir, realizando o possível para esclarecer, com paciência e caridade, os médiuns e os desen­carnados envolvidos nesses processos de mani­festações obscuras, agindo na equipe com o sen­so de quem retira criteriosamente um desajus­te do corpo sem comprometer as demais peças orgânicas; anulem qualquer intento de discus­são ou desafio com entidades comunicantes, dan­do mesmo razão, algumas vezes, aos Espíritos infelizes e obsessores, reconhecendo que nem sempre a desobsessão real consiste em desfazer o processo obsessivo, de imediato, de vez que, em casos diversos, a separação de obsidiado e obsessor deve ser praticada lentamente; e pra­tiquem a hipnose construtiva, quando necessá­rio, no ânimo dos Espíritos sofredores comuni­cantes, quer usando a sonoterapia para entregá­-los à direção e ao tratamento dos instrutores espirituais presentes, efetuando a projeção de quadros mentais proveitosos ao esclarecimento, improvisando idéias providenciais do ponto de vista de reeducação, quer sugerindo a produção e ministração de medicamentos ou recursos de contenção em favor dos desencarnados que se mostrem menos acessíveis à enfermagem do grupo.
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MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (3)

No curso do trabalho mediúnico, os escla­recedores não devem constranger os médiuns psicofônicos a receberem os desencarnados pre­sentes, repetindo ordens e sugestões nesse sen­tido, atentos ao preceito de espontaneidade, fa­tor essencial ao êxito do intercâmbio.
Os esclarecedores permitirão aos Espíritos sofredores que se exprimam pelos médiuns psicofônicos tanto quanto possível, em matéria de desinibição ou desabafo, desde que a integrida­de dos médiuns e a dignidade do recinto sejam respeitadas, considerando, porém, que as manifestações devem obedecer às disciplinas de tempo.
Os médiuns, sejam eles esclarecedores ou psicofônicos, sustentarão o máximo cuidado para não prejudicarem as atividades espirituais que lhes competem. Alimentando dúvidas e atitudes suspeitosas, inconciliáveis com a obra de carida­de que se dispõem a prestar, muitas vezes põem a perder excelentes serviços de desobsessão, por favorecerem a intromissão de Inteligências perversas.
Os médiuns de qualquer grupo de desobses­são, como aliás acontece a todo espírita, são chamados a honrar sempre e cada vez mais as obrigações de família e profissão, abstendo-se de todas as manifestações e atitudes suscetíveis de induzi-los a cair em profissionalismo religioso.
Compreendam os dirigentes e seus assesso­res que o esclarecimento aos desencarnados sofredores é semelhante à psicoterapia e que a reunião é tratamento em grupo, cabendo-lhes, quando e quanto possível, a aplicação dos méto­dos evangélicos. Observando, ainda, que a parte essencial no entendimento é atingir o centro de interesse do Espírito preso a idéias fixas, para que se lhes descongestione o campo mental, de­vem abster-se, desse modo, de qualquer discur­so ou divagação desnecessária.
35
MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (4)

Convém observar que há médiuns psicofô­nicos para quem os Amigos Espirituais desig­nam determinados tipos de manifestantes que lhes correspondam às tendências, caracteres, for­mação moral e cultural, especializando-lhes as possibilidades mediúnicas.
Urge não confundir esse imperativo do tra­balho de intercâmbio com o chamado animismo ou supostas mistificações inconscientes.
36
MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (5)

Os médiuns esclarecedores permanecerão atentos aos característicos dos manifestantes em desequilíbrio, de vez que entre estes se en­contram, freqüentemente, sofredores que com­parecem pela primeira vez, bem como os rein­cidentes sistemáticos, os companheiros infelizes do pretérito alusivo aos integrantes da reunião e recém-desencarnados em desorientação franca, os suicidas e homicidas, os casos de zoantropia e de loucura, os malfeitores trazidos à desobses­são para corrigendas e os irmãos tocados de exo­tismos por terem desencarnado recentemente em terras estrangeiras, as inteligências detidas no sarcasmo e na galhofa, os vampirizadores conscientes e inconscientes interessados na ocul­tação da verdade, e toda uma extensa família de Espíritos necessitados, nos vários graus de sombra e sofrimento que assinalam a escala da ignorância e da crueldade.
Imperioso observar que todos são carece-dores de compreensão e tratamento adequados, cada qual na dor ou no problema em que se ex­primem, exigindo paciência, entendimento, so­corro e devotamento fraternais.
Desobsessão não se realiza sem a luz do ra­ciocínio, mas não atinge os fins a que se propõe, sem as fontes profundas do sentimento.
37
ESCLARECIMENTO

O dirigente do grupo, que contará habitual­mente com dois ou três assessores em exercício para o trabalho do esclarecimento e do amparo reeducativo aos sofredores desencarnados, assumirá o comando da palavra, seja falando dire­tamente com os irmãos menos felizes, através dos médiuns psicofônicos, seja indicando para isso um dos auxiliares.
A conversação será vazada em termos cla­ros e lógicos, mas na base da edificação, sem qualquer toque de impaciência ou desapreço ao comunicante, mesmo que haja motivos de indu­ção ao azedume ou à hilaridade. O esclarecimen­to não será, todavia, longo em demasia, compreendendo-se que há determinações de horário e que outros casos requisitam atendimento. A pa­lestra reeducativa, ressalvadas as situações ex­cepcionais, não perdurará, assim, além de dez minutos.
Se o comunicante perturbado procura fi­xar-se no braseiro da revolta ou na sombra da queixa, indiferente ou recalcitrante, o diretor ou o auxiliar em serviço solicitará a cooperação dos benfeitores espirituais presentes para que o necessitado rebelde seja confiado à assistência de organizações espirituais adequadas a isso. Nesse caso, a hipnose benéfica será utilizada a fim de que o magnetismo balsamizante assere­ne o companheiro perturbado, amparando-se-lhe o afastamento da cela mediúnica, à maneira do enfermo desesperado da Terra a quem se admi­nistra a dose calmante para que se ponha mais facilmente sob o tratamento preciso.
38
COOPERAÇÃO MENTAL

Enquanto persista o esclarecimento endere­çado ao sofredor desencarnado, é imperioso que os assistentes se mantenham em harmoniosa união de pensamentos, oferecendo base às af ir­mativas do dirigente ou do assessor que retenha eventualmente a palavra.
Não lhes perpasse qualquer idéia de cen­sura ou de crueldade, ironia ou escândalo.
Tanto o amigo que orienta o irmão infortu­nado quanto os companheiros que o escutam abrigarão na alma a simpatia e a solidariedade, como se estivessem socorrendo um parente dos mais queridos, para que o necessitado encontre apoio real no socorro que lhe seja ministrado.
Forçoso compreender que, de outro modo, o serviço assistencial enfrentaria perturbações ine­vitáveis, pela ausência do concurso mental im­prescindível.
O dirigente assumirá a iniciativa de qual­quer apelo à cooperação mental, no momento em que a providência se mostre precisa, e ativará o ânimo dos companheiros que, porventura, se revelem desatentos ou entorpecidos, desde que o conjunto em ação é comparável a um dínamo em cujas engrenagens a corrente mental do am­paro fraterno necessita circular equilibradamen te na prestàção de serviço.
39
MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS (1)

Os médiuns psicofônicos, muito embora por vezes se vejam pressionados por entidades em aflição, cujas dores ignoradas lhes percutem nas fibras mais íntimas, educar-se-ão, devidamente, para só oferecer passividade ou campo de ma­nifestação aos desencarnados inquietos quando o clima da reunião lhes permita o concurso na equipe em atividade. Isso, porque, na reunião, é desaconselhável se verifique o esclarecimento si­multâneo a mais de duas entidades carecentes de auxílio, para que a ordem seja naturalmente assegurada.
Ainda quando o sensitivo tenha as suas faculdades assinaladas por avançado sonambu­lismo, deve e pode exercitar o autodomínio, afei­çoando-se à observação e ao estudo, a fim de colaborar na vigilância precisa, desincumbindo­-se, com segurança, do encargo da enfermagem espiritual que lhe é atribuído.
40
MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS (2)

Só se devem permitir, a cada médium, duas passividades por reunião, eliminando com isso maiores dispêndios de energia e manifestações sucessivas ou encadeadas, inconvenientes sob vários aspectos.
Em todas as circunstâncias, o médium a serviço da desobsessão não se pode alhear da equipe em que funciona, conservando a convic­ção de que dentro dela assemelha-se a um órgão no corpo, e que precisa estar no lugar que lhe é próprio para que haja equilíbrio e produção no conjunto.
41
INTERFERÊNCIA DO BENFEITOR

Em algumas ocasiões, tarefa em meio, apa­rece um ou outro desencarnado em condições de quase absoluto empedernimento.
Tal desequilíbrio da entidade pode coincidir com algum momento infeliz da mente mediúnica, estabelecendo desarmonia maior.
O fenômeno é suscetivell de raiar na incon­veniência. Assim sendo, o mentor espiritual, se considerar oportuno, ocupará espontaneamente o médium responsável e partilhará o serviço do esclarecimento, dirigindo-se ao comunicante ou ao médium que o expõe, ficando, por outro lado, o dirigente com a possibilidade de recorrer à in­tervenção do orientador referido, se julgar ne­cessário, rogando-lhe a manifestação pelo psi­cofônico indicado, a fim de sanar o contratempo.
42
ATITUDE DOS MÉDIUNS (1)

O médium de incorporação, como também o médium esclarecedor, não podem esquecer, em circunstância alguma, que a entidade perturba­da se encontra, para eles, na situação de um doente ante o enfermeiro.
No socorro espiritual, os benfeitores e ami­gos das Esferas Superiores, tanto quanto os companheiros encarnados, quais o diretor da reunião e seus assessores que manejam o ver­bo educativo, funcionam lembrando autoridades competentes no trabalho curativo, mas o médium é o enfermeiro convocado a controlar o doente, quanto lhe seja possível, impedindo a este último manifestações tumultuárias e palavras obscenas.
O médium psicofônico deve preparar-se dig­namente para a função que exerce, reconhecendo que, não se acha dentro dela à maneira de fan­toche, manobrado integralmente ao sabor das Inteligências desencarnadas, mas sim na posi­ção de intérprete e enfermeiro, capaz de auxi­liar, até certo ponto, na contenção e na reeduca­ção dos Espíritos rebeldes que recalcitram no mal, a fim de que o dirigente se sinta fortaleci­do em sua ação edificante e para que a equipe demonstre o máximo de rendimento no traba­lho assistencial.
43
ATITUDE DOS MÉDIUNS (2)

Ainda mesmo quando o médium é absoluta­mente sonâmbulo, incapaz de guardar lembran­ças posteriores ao socorro efetuado, semidesli­gado de seus implementos físicos dispõe de recur­sos para governar os sentidos corpóreos de que o Espírito comunicante se utiliza, capacitando­-se, por isso, com o auxílio dos instrutores es­pirituais, a controlar devidamente as manifesta­ções.
Não se diga que isso é impossível. Desobses­são é obra de reequilíbrio, refazimento, nunca de agitação e teatralidade.
Nesse sentido, vale recordar que há médium de incorporação normal e médium de incorpora­ção ainda obsidiado. E sempre que o médium, dessa ou daquela espécie, se mostre obsidiado, necessita de socorro espiritual, através de esclarecimento, emparelhando-se com as entidades perturbadas carecentes de auxílio.
Realmente, em casos determinados, o me­dianeiro da psicofonia não pode governar todos os impulsos destrambelhados da Inteligência de­sencarnada que se comunica na reunião, como nem sempre o enfermeiro logra impedir todas as extravagâncias da pessoa acamada; contu­do, mesmo nessas ocasiões especiais, o médium integrado em suas responsabilidades dispõe de recursos para cooperar no socorro espiritual em andamento, reduzindo as inconveniências ao mí­nimo.
44
MAL-ESTAR IMPREVISTO DO MÉDIUM

Todo serviço na Terra prevê a possibilidade de falhas compreensíveis.
O automóvel, comumente, sofre perturba­ções em determinados implementos, a meio da viagem.
Um tear interrompe a tecelagem pela exaus­tão de uma peça.
Na desobsessão, o mal-estar é suscetível de sobrevir num médium ou num dos colaborado­res em ação, principalmente no que tange a uma crise orgânica francamente imprevista.
Verificado o incidente, o companheiro ou a irmã necessitada de assistência permanecerá fora do círculo em atividade, recolhendo o ampa­ro espiritual do ambiente, quando o mal-estar não seja de molde a se lhe aconselhar o recolhi­mento imediato em casa.
45
EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (1)

Evite o médium as posições de desmazelo na acomodação entre os companheiros, quando se ache sob a influência ou presença dos desencar­nados em desequilíbrio, e controle as expressões verbais, empenhando-se em cooperar na adminis­tração do benefício aos Espíritos sofredores, frustrando a produção de gritos e a enunciação de palavras torpes.
Não olvidem os medianeiros que o recinto empregado nos serviços da desobsessão é com­parável à intimidade respeitável de um hospital.
46
EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (2)

Os medianeiros psicofônicos nunca admi­tam tanto descontrole que cheguem ao ponto de derribar móveis ou quaisquer objetos, tumul­tuando o ambiente.
Lembrem-se de que não se encontram à re­velia das manifestações menos felizes que ve­nham a ocorrer.
Benfeitores desencarnados estão a postos, na reunião, sustentando a harmonia da casa, e resguardarão as forças de todos os médiuns em serviço para que se desincumbam com limpeza e dignidade das obrigações que lhes assistem.
47
EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (3)

Atitude positivamente desaconselhável é a de permitir que comunicantes enfermos ensaiem qualquer impulso de agressão.
48
EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (4)

Dever inadiável impedir que os manifestan­tes doentes subvertam a ordem com pancadas e ruídos que os médiuns psicofônicos conseguem facilmente frustrar.
49
EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (5)

Os médiuns psicofônicos evitem a. todo custo, em qualquer período da reunião, vergar a cabeça sobre os braços.
Essa atitude favorece o sono, desarticula a cooperação mental e propicia ensejo a fácil hipnose por parte de enfermos desencarnados.
50
INTERFERÊNCIA DE ENFERMO ESPIRITUAL

No curso da manifestação de determinado Espírito menos feliz, é possível a interferên­cia de outra entidade desditosa ou perturbada que compareça, arrebatadamente, por intermé­dio desse ou daquele médium psicofônico ainda fracamente habilitado ao controle de si próprio.
Em alguns lances da desobsessão, o Espí­rito que interfere chega mesmo a provocar elementos outros do conjunto, citando-os de forma nominal para que se estabeleçam conversações marginais sem nenhum interesse para o escla­recimento.
O dirigente tomará providências imediatas para que se evite desarmonia ou tumulto, designando sem delonga o assessor que se incumbirá da necessária solução ao problema, a fim de que a interferência não degenere em perturbação, comprometendo a ordem e a segurança do esforço geral.
51
RADIAÇÕES

Rogando aos companheiros reunidos vibra­ções de amor e tranqüilidade para os que so­frem, o diretor do grupo, terminadas as tarefas da desobsessão propriamente ditas, suspenderá a palavra, pelo tempo aproximado de dois a qua­tro minutos, a fim de que ele mesmo e os inte­grantes do círculo formem correntes mentais com as melhores idéias que sejam capazes de ar­ticular, seja pela prece silenciosa, seja pela ima­ginação edificante.
Todo pensamento é onda de força criativa e os pensamentos de paz e fraternidade, emiti­dos pelo grupo, constituirão adequado clima de radiações benfazejas, facultando aos amigos es­pirituais presentes os recursos precisos à for­mação de socorros diversos, em benefício dos companheiros que integram o círculo, dos desen­carnados atendidos e de irmãos outros, necessi­tados de amparo espiritual a distância.
Um dos componentes da equipe, nomeado pelo diretor do conjunto, pode articular uma prece em voz alta, lembrando, na oração, os enfer­mos espirituais que se comunicaram, os desen­carnados que participaram silenciosamente da reunião, os doentes dos hospitais e os irmãos carecentes de socorro e de alívio, internados em casas assistenciais e instituições congêneres.
52
PASSES

Os médiuns passistas, logo que o conjunto entre no silêncio necessário às radiações, segundo as instruções traçadas pelo dirigente, se des­locarão dos lugares que lhes sejam habituais e, conquanto se mantenham no trabalho íntimo das ideações construtivas, para auxiliarem no apoio vibratório aos sofredores, atenderão aos passes, ministrando-os a todos os componentes do grupo, sejam médiuns ou não.
Semelhante prática deve ser observada re­gularmente, de vez que o serviço de desobsessão pede energias de todos os presentes e os instru­tores espirituais estão prontos a repor os dis­pêndios de força havidos, através dos instrumen­tos do auxílio magnético que se dispõem a ser­vi-los, sem ruídos desnecessários, de modo a não quebrarem a paz e a respeitabilidade do recinto.
Fora dos momentos normais, os médiuns passistas atenderão aos companheiros necessitados de auxílio tão-só nos casos de exceção, respeitando com austeridade disposições estabe­lecidas, de modo a não favorecerem caprichos e indisciplinas.
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IMPREVISTOS

O grupo deve contar com imprevistos.
Existem aqueles de natureza externa a que não se pode dar atenção, quais sejam chamamentos inoportunos de pessoas incapacitadas ainda para compreender a gravidade do trabalho socorrista que a desobsessão desenvolve, ba­tidas à porta já cerrada, por irmãos do círculo, iniciantes e retardatários, ainda não afeitos àdisciplina, ruídos festivos da vizinhança e barulhos outros, produzidos vulgarmente por insetos, animais, viaturas, etc.
Há, porém, os embaraços no campo interno
da reunião, dentre os quais se destacam a luz apagada de chofre ou o mal-estar súbito de al­guém.
Nesses casos, o dirigente da casa tomará providências imediatas para que os problemas em curso se façam compreensivelmente aten­didos.
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MANIFESTAÇÃO FINAL DO MENTOR

Aproximando-se o horário de encerramento, o dirigente da reunião, depois de verificar que todos os assuntos estão em ordem, tomará a pa­lavra, explicando que as atividades se acham na fase terminal, solicitando aos presentes pensa­mentos de paz e reconforto, notadamente a benefício dos sofredores.
Em seguida, recomendará aos médiuns pas­sistas atenderem ao encargo que lhes compete e solicitará da assembléia a continuidade da atenção e do silêncio, para que o médium indica­do observe se o orientador espiritual da reunião ou algum outro instrutor desencarnado deseja transmitir aviso ou anotação edificante para es­tudo e meditação do agrupamento. Se a casa dispõe de aparelho gravador, é importante que a máquina esteja convenientemente preparada e em condições de fixar a palavra provável do co­municante amigo.
Na hipótese de verificar que o orientador desencarnado não deseja trazer nenhum aviso ou instrução, o médium indicado dará ciência disso ao dirigente, a fim de que ele profira a prece final e, em seguida, declare encerrada a reunião.
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GRAVAÇÃO DA MENSAGEM

O diretor da reunião, se existe no grupo a possibilidade de gravação da mensagem final, que possa servir na edificação comum, não se alheará do trabalho dessa natureza, conquanto designe esse ou aquele companheiro para au­xiliá-lo.
Responsabilizar-se-á diretamente pelo ma­terial de que os benfeitores espirituais se uti­lizarão, fazendo-se zelador atencioso do aparelho gravador e dos respectivos implementos, compreendendo que os serviços programados para cada reunião devem ser executados sem atrope­los ou omissões.
O grupo ouvirá atenciosamente a palavra do comunicante amigo, seja ele o orientador da casa ou algum benfeitor recomendado por ele.
Freqüentemente, o visitante encaminhado à reunião pelo mentor pode não ser um luminar da Espiritualidade Maior, e sim um companheiro recém-convertido à Verdade, disposto a relatar as próprias experiências, quase sempre esmal­tadas de lembranças dolorosas, ocorrência essa que se verifica objetivando-se o conforto ou a edificação.
De qualquer modo, a palavra do visitante espiritual, pelo médium, deve ser ouvida com o respeito máximo, procurando-se nela, acima de qualquer preceito gramatical, o sentido, a lógi­ca, a significação e a diretriz.
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PRECE FINAL

A oração final, proferida pelo dirigente da reunião, obedecerá à concisão e à simplicidade.
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ENCERRAMENTO

Terminada a prece final, o diretor, com uma frase breve, dará a reunião por encerrada e fará no recinto a luz plena.
Vale esclarecer que a reunião pode termi­nar, antes do prazo de duas horas, a contar da prece inicial, evitando-se exceder esse limite de tempo.
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CONVERSAÇÃO POSTERIOR Á REUNIÃO

Claro que terminada a reunião se sintam os integrantes da equipe inclinados a entrelaçar pensamentos e palavras na conversação cons­trutiva, porqüanto, se a alegria da obrigação cumprida não lhes marca o íntimo, algo existe na equipe a ser necessariamente retificado.
Euforia de confraternização, reconforto do dever nobremente atendido.
Não raro, surge a oportunidade da prosa afetiva em torno de um café ou enquanto se es­pera condução.
Falemos, cultivando bondade e otimismo.
Importante que a palestra não descambe para qualquer expressão negativa.
Se um dos desencarnados sofredores emitiu conceitos menos felizes, ou se um dos médiuns em ação não conseguiu desincumbir-se corretamente das atribuições que lhe foram conferidas em serviço, evitem-se com empenho reprovações, criticas, motejos, sarcasmos.
Compreendamos que uma equipe para a de­sobsessão se desenvolve e se aperfeiçoa com ser­viço e tempo, como qualquer outra empresa pro­dutiva, e algum comentário desairoso, destacan­do deficiências e males, constitui prejuízo na obra do progresso e na consolidação do bem.
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REOUVINDO A MENSAGEM

Ainda no recinto ou nos dias subseqüentes, é aconselhável que os lidadores da desobsessão, quando seja necessário, reouçam a mensagem educativa, obtida na fase terminal das tarefas, caso haja sido gravada. Procurar — repita­mos — nas frases do comunicante a essência e a orientação. Por outro lado, abster-se do impul­so da divulgação, sem estudo.
Cabe refletir que as primeiras instruções para a criatura reencarnada se verificam no pla­no doméstico. A criatura humana recebe dos pais e dos instrutores do lar conselhos e indicações inesquecíveis, mas, por isso, nem todos podem ser ençaminhados às tipografias para o trabalho publicitário. Ninguém se lembrará de enviar uma advertência maternal qualquer para a imprensa, conquanto um aviso de mãe seja sempre uma peça preciosa para os filhos a que se destine.
O dirigente, na hipótese da recepção de men­sagens destinadas à propagação, precisará joeirá-las em rigorosa triagem, solicitando, para esse fim, o concurso de companheiros habituados às lides culturais e doutrinârias, com autoridade bastante para emitir opiniões, verificando, igualmente, se as instruções obtidas não coincidem, na forma literal, com essa ou aquela página espírita, mediúnica ou não, já consagrada na lei­tura comum, embora o fundo moral seja res­peitável.

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ESTUDO CONSTRUTIVO DAS PASSIVIDADES

Ë interessante que dirigente, assessores, mé­diuns psicofônicos e integrantes da equipe, fin­da a reunião, analisem, sempre que possivel, as comunicações havidas, indicando-se para exame proveitoso os pontos vulneráveis dessa ou da­quela transmissão.
As observações fraternas e desapaixonadas, nesse sentido, alertarão os companheiros da me­diunidade quanto a senões que precisem evitar e recordarão aos encarregados do esclarecimento pequenas inconveniências de atitude ou pala­vra nas quais não devem reincidir.
De semelhante providência, efetuada com o apreço recíproco que necessitamos sustentar uns para com os outros, resultará que todos os com­ponentes da reunião se investirão, por si mes­mos, na responsabilidade que nos cabe manter no estudo constante para a eficiência do grupo.
Se os médiuns esclarecedores julgam conve­niente a atenção desse ou daquele médium psicofônico em determinado tema de serviço espi­ritual, chamá-lo-ão a entendimento particular, evitando-se a formação de suscetibilidades, sa­lientando-se que os próprios médiuns psicofôni­cos, se libertos de teias obsessivas, são os pri­meiros a se regozijarem com o exame sincero do esforço que apresentam.
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SAÍDA DOS COMPANHEIROS

A saída dos companheiros realizar-se-á nos moldes da discrição seguidos na entrada.
Evitar-se-ão gritos, gargalhadas, referên­cias maliciosas, anedotário picante.
O serviço da desobsessão reclama a tranqüi­lidade e o respeito que se deve a um sanatório de doenças mentais.
Considerem os companheiros dessa semen­teira de amor que estão sendo, muitas vezes, seguidos e observados por muitos enfermos desen­carnados que lhes ouviram, com interesse, as exortações e os ensinos, no curso da reunião, e será contraproducente, além de indesejável, qualquer atitude ou comentário pelos quais os tare­feiros do socorro espiritual desmanchem, invigilantes, os valores morais que eles próprios cons­truíram na consciência e no ânimo dos Espíritos beneficiados.
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COMENTÁRIOS DOMÉSTICOS

De volta a casa, convém que os servidores da desobsessão silenciem qualquer nota inconveniente acerca de transmissões, influências, fe­nômenos ou revelações havidas na reunião.
Se os comunicantes se referirem a proble­mas infelizes, como sejam crimes, ofensas, má­goas ou faltas diversas, cabe-nos recordar que a obra da desobsessão, no fundo, é libertação das trevas de espírito e não existe libertação das sombras sem esquecimento do mal.
Conversas acerca de quaisquer maníf esta­ções ou traços deprimentes do amparo espiritual efetuado estabelecem ímãs de atração, criando correntes mentais de ação e reação entre os comentaristas e os que se tornam objeto dos co­mentários em pauta, realidade essa que faz de todo desaconselháveis as referências sobre o mal, de vez que funcionam à maneira de bisturis visíveis, revolvendo inutilmente as chagas men­tais dos enfermos desencarnados que foram aten­didos, arrancando-os do alívio em que estão mer­gulhados, para novas síndromes de angústia.
Isto, porém, não impede que médiuns escla­recedores, médiuns psicofônicos e companheiros outros analisem determinadas passagens da pa­lavra ou da presença das entidades sofredoras, em círculo íntimo, para estudo construtivo, com efeitos na edificação do bem, ao modo de espe­cialistas num simpósio conduzido com discrição.
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ASSIDUIDADE

Assiduidade é lição que colhemos na escola da Natureza, todos os dias.
Lavradores enriquecem os celeiros da Hu­manidade, confiando na pontualidade das estações.
A desobsessão, para alcançar os objetivos libertadores e reconfortativos a que se propõe, solicita lealdade aos compromissos assumidos.
Aprendamos, durante a semana, a remover os empecilhos que provavelmente nos visitarão no dia e na hora prefixados para o socorro es­piritual aos desencarnados menos felizes.
Observemos a folhinha, estejamos atentos às obrigações que os Benfeitores Espirituais depositam em nossas mãos e nas quais não deve­mos falhar.
Muito natural que a ausência não justifi­cada do companheiro a três reuniões consecuti­vas seja motivo para que se lhe promova a ne­cessária substituição.
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BENEFÍCIOS DA DESOBSESSÃO

Erraríamos frontalmente se julgássemos que a desobsessão apenas auxilia os desencarnados que ainda pervagam nas sombras da mente.
Semelhantes atividades beneficiam a eles, a nós, bem assim os que nos partilham a experiência quotidiana, seja em casa ou fora do reduto doméstico, e, ajuda, os próprios lugares espaciais em que se desenvolve a nossa influência.
Reuniões dedicadas à desobsessão consti­tuem, bastas vezes, trabalho difícil, pois, em muitas circunstâncias, parece cair em monotonia desagradável, não só pela repetição freqüente de manifestações análogas umas às outras, como também porque a elas comparecem, durante lar­go tempo, entidades cronicificadas em rebeldia e presunção. Isso, porém, não pode e não deve desencorajar os tarefeiros desse gênero de ser­viço, de vez que nenhum pesquisador encarnado na Terra está em condições de avaliar os bene­fícios resultantes da desobsessão quando está sendo corretamente praticada.
Todos possuímos desafetos de existências passadas, e, no estágio de evolução em que ainda respiramos, atraímos a presença de entidades menos evolvidas, que se nos ajustam ao clima do pensamento, prejudicando, não raro, involun­tariamente, as nossas disposições e possibilida­des de aproveitamento da vida e do tempo. A de­sobsessão vige, desse modo, por remédio moral específico, arejando os caminhos mentais em que nos cabe agir, imunizando-nos contra os pe­rigos da alienação e estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e em torno de nós, numa extensão que, por enquanto, não somos capazes de calcular. Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, empeços obscuros, insuces­sos, além de obtermos com o seu apoio espiri­tual mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão.
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REUNIÓES DE MÉDIUNS ESCLARECEDORES

Os médiuns esclarecedores não podem alhear-se do imperativo de entendimento recíproco e estudo constante em torno das atividades que lhes dizem respeito.
Para isso, reunir-se-ão, periodicamente, ou quando lhes seja possível, para a troca de impressões, à luz da Doutrina Espírita, analisan­do tópicos do trabalho ou apresentando planos entre si com o objetivo de melhoria e aperfeiçoa­mento do grupo.
Semelhantes reuniões são absolutamente necessárias para que se aparem determinadas arestas da máquina de ação e se ajustem provi­dências a benefício das obras em andamento. Esses ajustes, à maneira de sodalícios doutriná­rios, constituem, ainda, meios de atuação segu­ra e direta dos mentores espirituais do grupo para assumirem medidas ou plasmarem adver­tências, aconselháveis ao equilíbrio e ao rendi­mento do conjunto.
Os médiuns esclarecedores não devem es­quecer que, ao término de cada tarefa de desobsessão, quase sempre ficam indagações e te­mas de serviço que, com tempo e madureza de raciocínio, merecem analisadas, a benefício geral.
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REUNIÕES DE ESTUDOS MEDIÚNICOS

As reuniões de estudos mediúnicos, de or­dem geral, no grupo, são necessárias.
No curso delas, em dias e horários que não sejam os prefixados para a desobsessão, os esclarecedores e os companheiros ouvirão os me­dianeiros da equipe, registrando-lhes as consul­tas e impressões, a fim de que os problemas sus­citados pelas faculdades e indagações de cada um sejam solucionados à luz dos princípios espí­ritas conjugados ao Evangelho de Jesus.
Aconselha-se-lhes o estudo metódico de «O Livro dos Médiuns», de Allan Kardec, e todas as obras respeitáveis que se relacionem com a mediunidade.
Os benfeitores desencarnados e os Espíritos familiares estudam sempre a fim de se tornarem mais úteis na obra da educação e do consolo jun­to da Humanidade Terrestre.
É imprescindível que os lidadores encarna­dos estudem também.
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REUNIÕES MEDIÚNICAS ESPECIAIS

Em determinadas circunstâncias, as reuniões mediúnicas podem surgir como sendo necessárias a fins determinados.
Nessa hipótese, realizar-se-ão sem qualquer prejuízo para as reuniões habituais.
Para que isso aconteça, porém, é claramente preciso que o mentor espiritual do agrupamento trace instruções especiais.
Noutros casos, o próprio grupo, através do dirigente, proporá ao mentor espiritual a realização de reuniões dessa natureza para atender a equações de trabalho socorrista, consideradas de caráter urgente.
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VISITA A ENFERMO

Algumas vezes, a equipe dedicada a desob­sessões é cha
Indiscutivelmente que a visita deve ser feita, havendo possibilidades para isso, aconselhando-se, porém, que o grupo se faça representar por uma comissão de companheiros junto ao doente.
Essa comissão terá o cuidado de recolher o endereço do irmão necessitado, para que o grupo preste a ele a assistência possível.
Na visita a qualquer doente, a equipe deve abster-se da ação mediúnica, diante dele, no que tange à doutrinação e ao socorro aos desencar­nados sofredores, reservando-se semelhante ta­refa para o recinto dedicado a esse mister.
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VISITA A HOSPITAL

Um grupo dedicado ao trabalho da desobses­são é constantemente requestado à prestação de serviço. Em meio aos pedidos diversos de con­curso e auxílio, aparecem as solicitações de vi­sita a hospitais.
Considerando a hipótese do atendimento, é
importante que o conjunto de serviço se repre­sente por irmãos do círculo habilitados a desincumbir-se da obrigação, de modo construtivo, isto é, mantendo no trato com o enfermo ou com os enfermos atitudes edificantes de reconforto, sem mostras de impressionabilidade doentia e sem manifestações mediúnicas extemporâneas, das quais, em tantos casos, se prevalecem os Espíritos conturbados para agravar sintomas e perturbações nos irmãos alienados ou doentes a que se vinculam em processos obsessivos.
A comissão representativa do agrupamento anotará nomes e endereços dos visitados, para cooperação oportuna, dosando a ministração de conceitos em torno dos temas da obsessão, quando em conversa com os enfermos ainda despro­vidos de conhecimento espírita, a fim de que a orientação curativa se lhes implante na mente, a pouco e pouco, de maneira segura.
É imperioso observar que os médiuns psi­cofônicos auxiliarão com mais eficiência se puderem conhecer, de perto, os enfermos que lhes solicitam socorro, e os médiuns esclarecedores muito aproveitarão no trato com os estabeleci­mentos de cura mental, aprendendo a técnica de conversar com os Espíritos perturbados, no exemplo e na experiência dos enfermeiros dig­nos, junto aos doentes complexos. Urge também que o comando socorrista observe as normas vi­gentes na organização hospitalar visitada, com­portando-se de tal modo que não lhe fira os prin­cípios.
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CULTO DO EVANGELHO NO LAR

Todo integrante de uma equipe de desobses­são precisa compreender a necessidade do culto do Evangelho no lar.
Pelo menos, semanalmente, é aconselhável se reúna com os familiares ou com alguns parentes, capazes de entender a importância da iniciativa, em torno dos estudos da Doutrina Espírita, à luz do Evangelho do Cristo e sob a co­bertura moral da oração.
Além dos companheiros desencarnados que estacionam no lar ou nas adjacências dele, há outros irmãos já desenfaixados da veste física, principalmente os que remanescem das tarefas de enfermagem espiritual no grupo, que reco­lhem amparo e ensinamento, consolação e alívio, da conversação espírita e da prece em casa.
O culto do Evangelho no abrigo doméstico equivale a lâmpada acesa para todos os imperativos do apoio e do esclarecimento espiritual.
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CULTO DA ASSISTÊNCIA

Outro aspecto de serviço que os obreiros da desobsessão não podem olvidar, sem prejuízo, é a assistência aos necessitados.
Entidades sofredoras ou transviadas, a quem se dirige a palavra instrutiva nas reuniões do agrupamento de socorro espiritual, acompanham, em muitos casos, aqueles mesmos que as exortam aos caminhos da paciência e da caridade, examinando-lhes os exemplos.
A assistência aos necessitados, seja através do pão ou do agasalho, do auxílio financeiro ou do medicamento, do passe ou do ensinamento, em favor dos que atravessam provações mais difíceis que as nossas, não é somente um dever, mas também valioso curso de experiências e li­ções educativas para nós e para os outros.
Nesse propósito, é impossível igualmente es­quecer que os irmãos em revolta e desespero, que nos ouvem os apelos à regeneração e ao amor, não se transformam simplesmente à força de nossas palavras, mas, sobretudo, ao toque moral de nossas ações, quando as nossas ações se patenteiam de acordo com os nossos ensina­mentos.
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ESTUDOS EXTRAS

É forçoso que os seareiros da desobsessão não se circunscrevam, em matéria de atividade espírita, aos assuntos do grupo.
A fim de enriquecerem o próprio grupo com valores necessários à educação coletiva e à renovação de cada companheiro, é imprescindível aceitem o estudo nobre, qualquer que ele seja, nos arraiais da Doutrina Espírita ou fora deles, para que progridam em discernimento e utilida­de na obra de recuperação que lhes cabe, ilumi­nando convicções e dissipando incertezas.
Aprender sempre e saber mais é o lema de todo espírita que se consagra aos elevados princípios que abraça.
E na faina da desobsessão é preciso ente­souremos conhecimento e experiência, para que os instrutores Espirituais nos encontrem maleá­veis e proveitosos na extensão do bem que nos propomos cultivar e desenvolver.
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FORMAÇÃO DE OUTRAS EQUIPES

O conjunto de colaboradores da desobses­são, por força do trabalho realizado, costuma dilatar-se, em número, gradativamente, mas não admitirá integrantes novos sem que esses integrantes demonstrem a preparação natural, a ser adquirida nas reuniões públicas de Doutrina Espírita.
Baseado em «O Livro dos Médiuns» (item 332), ultrapassada a quota de quatorze participes do conjunto, o diretor da casa auxiliará os com­panheiros excedentes na formação de nova equi­pe que, temporariamente, pode agir e servir sob a orientação do agrupamento em que nasceu.
O círculo novo contará, desse modo, com instruções sadias para consolidar-se, à maneira de aparelho consciente, cujas peças se ajustarão ao lugar próprio, esparzindo frutos de fraterni­dade e esclarecimento no amparo efetivo aos que sofrem, porqüanto o rendimento do serviço lhe e, em tudo, o fator básico.
A obra redentora da desobsessão continua­rá, dessa forma, providencialmente garantida pelos corações decididos a trabalhar pelos compa­nheiros mentalmente tombados em perturbação e conflitos, depois da morte, e pelos que, na Terra mesmo, padecem aflitivos processos de obsessão oculta ou declarada, para a supressão dos quais só o amor e a paciência dispõem de fortaleza e compreensão suficientes para sustentar a tare­fa libertadora até ao fim. Isso porque a obsessão é flagelo geminado com a ignorância, e, se ape­nas a escola consegue dissipar as sombras da ignorância, somente a desobsessão poderá remo­ver as trevas de espírito.

Fim